Edmundo Villani Côrtes



Edmundo Villani-Côrtes nasceu em 1930 em Juiz de Fora, Minas Gerais. Edmundo começou a tocar cavaquinho observando seu irmão tocar violão: afinava o cavaquinho como as últimas cordas do violão e tocava tudo reduzido. Nesta época ele tinha entre 8 e 9 anos de idade.


Suas principais influências musicais vieram, em princípio, por meio do rádio, que felizmente, naquela época, não era dominado pelos interesses comerciais. O cinema também apresentava muitos filmes musicais, revivendo compositores como Chopin, Liszt, Mozart, Puccini, Gershwin, entre outros. Sempre teve uma certa inclinação para pesquisar sons nos instrumentos e também para analisar as peças que executava. 
A partir daí iniciou suas primeiras experiências composicionais. Chegou um momento em que as peças tornaram-se muito difíceis (obras para piano, peças orquestrais, etc.) e ele não conseguia mais tocá-las no violão. Nessa ocasião, iniciou seus estudos de piano. Seu professor era bastante tradicional e rigoroso. Quando percebeu que seu aluno gostava de "tirar" peças de ouvido, negou-se a continuar com as aulas.


Edmundo, então, comprou os métodos de teoria, estudou sozinho e foi para o Rio de Janeiro, onde fez exame para o sétimo ano de piano, agora com 22 anos. Completou o curso oficial de piano e matérias teóricas no Conservatório Brasileiro de Música. Paralelamente atuava em casas noturnas e participava da Orquestra da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro e arranjador Orlando Costa (Cipó).


Retornou em 1954 a Juiz de Fora, onde estreou seu primeiro Concerto para piano e orquestra, com a filarmônica local regida pelo maestro Max Gifter. De 1954 a 1959, residiu em Juiz de Fora, onde bacharelou-se em Direito e foi diretor, durante dois anos, do Conservatório Estadual de Música de Juiz de Fora.


De 1960 a 1963, aperfeiçoou-se em piano com José Kliass. Transferindo-se para São Paulo, estudou composição com Camargo Guarnieri durante algum tempo. Atuou nesse período como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes. Trabalhou também como arranjador em trilhas e jingles. A partir de 1970, passou a integrar a orquestra da extinta TV Tupi (como pianista e arranjador), chegando a realizar mais de mil arranjos das mais variadas espécies e todos destinados à música popular. Infelizmente grande parte desses arranjos perdeu-se após a bancarrota que veio sofrer a TV Tupi.


Participou de shows internacionais como pianista, acompanhando cantores como Maísa e Altemar Dutra.
A partir de 1973, ficou responsável pela cadeira de música funcional da Academia Paulista de Música. Fez arranjos e composições para o filme O Matador, de Amaro César e Egídio Écio (1968). Em 1975 passou a lecionar arranjos e improvisação na Academia Paulista de Música a convite do maestro Bernardo Federowski. Neste período iniciou uma série de apresentações como regente de conjuntos de câmara e como pianista, apresentando composições de sua autoria.


Em 1978, época em que estudava Composição com H. J. Koellreutter, foi vencedor do concurso "Noneto de Munique", patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil. A peça chamava-se Noneto (para dois violinos, viola, cello, contrabaixo, trompa, oboé, clarinete e fagote) e permanece inédita. Em 1981, foi vencedor da Feira Livre de MPB, patrocinada pela TV Cultura, e escolhido como regente, arranjador, autor e compositor para representar o Brasil no décimo festival da OTI, realizado na cidade do México.




Em 1982, foi convidado a lecionar Contraponto e Composição no Instituto de Artes da UNESP. Em 1985, iniciou seus trabalhos do Mestrado de Composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1986, foi vencedor do concurso de composição patrocinado pela Editora Cultura Musical, tendo obtido o primeiro lugar com a peça para violão Choro Pretensioso, e segundo lugar com a peça para piano solo Ritmata nº 1.


Em março de 1988, apresentou sua tese de mestrado: O uso do sintetizador na composição musical de um Concertante para clarineta, sintetizador, piano acústico e percussão, tendo obtido da banca a nota máxima. Nos anos de 1988, 89, 90 e 91, trabalhou na ilustração musical do programa "Jô Soares onze e meia", no SBT. Realizou trabalhos de organização e seleção dos componentes da Orquestra de Jazz Sinfônica, junto ao maestro Ciro Pereira, tendo, em agosto de 1990, apresentado no Memorial da América Latina a peça Caetê Jururê, como regente da orquestra.




Em 1990, recebeu o prêmio dos "Melhores de 1989", conferido pela A.P.C.A. (Associação Paulista de Críticos de Arte), por sua apresentação do "Ciclo Cecília Meireles", considerada a melhor composição erudita vocal do ano. Nos anos de 1990 e 1991, atuou como regente da orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, apresentando-se nos teatros: Municipal de Santos, Procópio Ferreira, Cláudio Santoro, entre outros. Nos anos de 1992, 93, 94 e 95, foi convidado a participar como professor de arranjo, improvisação e orquestração do Festival de Inverno de Campos do Jordão.


Em 1992, foi escolhido pela Escola de Música Arte Livre como compositor do ano, homenageado por meio de inúmeros recitais com obras de sua autoria. No ano de 1993, por ocasião da comemoração do centenário de nascimento do poeta Mário de Andrade, foi vencedor do concurso promovido pela prefeitura de São Paulo, com a composição Rua Aurora, baseda em texto do poeta. Em 31 de maio de 1994, foi-lhe conferida pela Prefeitura do município de Juiz de Fora a "Comenda Henrique Halfeld".




Em 1995, sua obra Postais Paulistanos foi premiada pela A.P.C.A. como a melhor peça Sinfônico-Coral. Em 1996, sua peça Chorando (para contrabaixo e piano) obteve 3º lugar no II Concurso Nacional de Composição para Contrabaixo, promovido pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.


No dia 30 de maio de 1998, defendeu sua tese de Doutorado no Departamento de Música do Instituto de Artes da UNESP, intitulada "A utilidade da prática da improvisação e a sua presença no trabalho composicional do Concertante Breve para quinteto e Banda Sinfônica de Edmundo Villani-Côrtes".


Ainda nesse ano, foi premiado pela A.P.C.A. com o Concerto para vibrafone e orquestra, considerado a melhor peça experimental. Compôs também o Concerto para flauta e orquestra, estreado em 8 de abril de 2000, em Londres, pela orquestra do Convent Garden, e que foi encomendado pelo flautista brasileiro Marcelo Barbosa. Compôs também um Te Deum, em comemoração aos 150 anos da cidade de Juiz de Fora.